Quem sou eu

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Cantora que ama o que faz e não hesita em expor sua alma em cada palco que pisa.

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Luiza Dionizio por Hugo Sukman

Luiza Dionizio não é, como se já fosse pouco, apenas a maior cantora inédita em disco do Brasil. Não é somente a melhor voz de uma Lapa cheia de vozes novas. Não é só a bola da vez. Nem aquela cantora que quem é malandro mesmo já identificou. Senão pergunte ao poeta Wilson Moreira (“o brilho de uma linda cor com toda a virtuosidade”), consulte tecnicamente a professora Fátima Guedes (“É uma das cantoras mais elegantes e exatas que eu conheço”), ou apenas observe a reação do público diante de suas apresentações no horário nobre, as noites de sábado, do Carioca da Gema, a famosa casa de samba da Lapa. Ou, ainda, lembre de quem é a voz que o genial Luiz Carlos da Vila gostava tanto de ouvir nos seus momentos de entrega total à música, fora dos holofotes, num quintal da Vila da Penha natal de ambos...
Não, Luiza Dionizio não é só isso. É, isto sim, uma espécie de utopia em forma de cantora. E não falo “utopia” assim, de forma abstrata, mas no sentido próprio da palavra: como algo que realiza o ideal que até então parecia inalcançável. Quero dizer, indo direto ao ponto, que Luiza Dionizio é cantora de samba ideal neste início de século XXI.
Afinal, que cantora é ao mesmo tempo oriunda das terras mais batidas do samba – os quintais da Vila da Penha, os pagodes do subúrbio, a quadra de seu Império Serrano, as tardes de samba do Clube Renascença, a noite da Lapa – e tão refinada artística e tecnicamente? Quem, sendo conhecedora e devota das mais ricas tradições do samba, é tão comprometida com a música popular contemporânea, com a renovação do samba, os novos autores? Quem, sendo tão “autêntica” na busca de traduzir o samba como ele foi feito, é ao mesmo tempo tão ousada em reivindicar, ainda que docemente, a colocação do samba no seu devido lugar, o de corrente central da música popular brasileira?